Sob a alçada da primeira destas minhas considerações, depois de um intervalo de meditação, comum a todos os seres pensantes, procurarei abordar e instigar a Democracia com o pior dos unitarismos, justamente o unitarismo partidário. Um Homem, vindo a político, não pode, sob qualquer forma ou feitio, enaltecer integralmente as suas crenças. Cada qual representa a sua autóctone opinião. Em Regime onde essa opinião especula poder, resta ao recetor desse poder, o Político, modelar os seus programas políticos em torno, não do que a Nação precisa (e precisa de muito), mas daquilo a que os eleitores estão aprazerados. Isto é praticamente o mesmo que dizer: moderação. E a moderação fere qualquer ideologia, cujos pináculos são depauperados. Há quem prefira a moderação como um mecanismo necessário ao mantimento da Democracia. Não se surpreendam, então, quando perceberem que, no final do dia, os partidos nada mais se diferenciam em minúcias de importância nula ao interesse nacional. São todos manietados pelo ecumenismo político. Enquanto procuram o poder sob sua ideologia, defendem acérimamente o pluripartidarismo, causa da consequência, que é justamente a manipulação das suas próprias crenças e morais. Sou diferente? Não, és apenas Conservador-Liberal. És anti-sistema? Não, és um mero Social-Liberal. As nossas duas forças políticas, teoricamente opostas, partilham do mesmo jaez doutrinário. Incluindo estas, podemos açambarcar no sistema democrático português os democratas-cristãos, os sociais-democratas, os socialistas democráticos, os conservadores-liberais, os ecologistas (ambos um PPM contraproducente e um PAN, que nada mais designa uma social-democracia com a minúcia do ambientalismo acrescentado), os liberais, os liberais-sociais e os comunistas, comunistas esses exercendo ofício na demoníaca 'democracia burguesa', um despojar autêntico às suas diretrizes revolucionárias. Pasme-se, é tudo igual. Um defende a Eutanásia, outro não. Um defende o Aborto, os outros não. Um defende uma descida do IMI (supondo) em 4%, os outros 5%. Todos os partidos são financiados pela mesma amálgama de estrangeiros. Convém o digladeio eleitoral na Europa, é benéfico ao interesse da plutocracia, maior que qualquer Nação própria. O radicalismo é repudiado como algo anormal. Ora, não será (ou deveria ser) o PSD radicalmente social-democrata? Não será o Chega radicalmente liberal-conservador? Não será a IL radicalmente liberal? Que radicalismo procuram repudiar? Está claro, o radicalismo do outro, termo tão vago quanto o próprio significado da Democracia. Democracia burguesa, Democracia liberal, Democracia revolucionária, Social-Democracia, Democracia-Cristã, todos estes termos são fundados e fundidos na advertência do ato eleitoral, numa espécie de convencimento de que este é diferente. É diferente, veja-se, no modo de sugar os dinheiros públicos. No conteúdo prático, pouco difere um PS a um Chega. Não só na análise partidária, mas na análise geral democrática. A solução de um Regime falido não está dentro do Regime falido. Esse é o cantarolar que procura-se transmitir às gentes do nosso país. E surte resultado. Quanto mais apartada está a Democracia da realidade das coisas, mais os seus apoiantes se justificam pela renovação da Democracia, frase que nada significa, como reforçei no primeiro dos meus ensaios. Um Regime não é numericamente definido. Não há Regimes mais ou menos Democráticos a outros. Ou se é, ou se não é. O nosso é. A Democracia é o alvo do combate intelectual nacionalista, não as ideologias que dela advêm. Combatam as outras, sempre tendo em conta o elemento embrionário destas. O Comunismo não nasceu ex mihilo. Fecundou do ecumenismo político, a libertinagem política derivada do Iluminismo, do Protestantismo, do Liberalismo, qualquer o nome que desejem atribuir a essa seita tentadora. O partido parte algo. Que algo? A soberania da Nação. Impedindo um Partido a um indivíduo de alcançar um lugar público de relevo, logo este cria outro partido, e paulatinamente mais procuram criar os seus para alcançar, sem entraves, uma fatia do bolo democrático. É tudo igual. Coincidentemente, nenhum é português. Nem podia ser...
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