Surgiu a ideia de narrar a Inquisição, pelas facetas que hoje polemizam o debate político, por meio de supostos crimes dos Padres nas Igrejas Portuguesas. Como no PREC, estes Padres foram acusados pelo anonimato, ao telefone. Não existem dúvidas que estas perseguições entram em um contexto instável da Nação, nomeadamente na enfermidade do Governo PS. Para desviar as atenções, a culpa deveria ser descarregada em alguém. Fôra o estratagema dos Franceses de 1794, não é uma novidade, apenas uma renovação. Logo alavancaram os partidos, pontuais partidos que têm um bom percentual de assédios e estupros per capita, a caluniar a Igreja, a justificar a podridão do nosso País na causa religiosa, remetendo à Inquisição, que realizara as maiores perfídias nos seus séculos de funcionamento em Portugal. Grande Saramago, que encontrou aqui bons discípulos. Baniu-se o Tribunal do Santo Ofício, tudo se resolveu, como se vê. Expulsaram-se os Frades, as Ordens Religiosas, o País prosperou, como as gerações estropeadas de 1820, de 1910 e de 1974 conseguem ilustrar, como se sabe. Que aborto maligno a que a História politizada se rebaixou. Foram os Pagãos quem desbaravaram as incultas matas deste país, fecundando os primeiros núcleos populacionais nos primitivos tempos? Foram os Pagãos quem digladiaram os Mouros, enquanto lavravam as terras, distribuindo os géneros pelos indigentes? Quem auxiliou a conquista de Coimbra, em tempos de Fernando Magno? É um mistério cujo vácuo os Democratas não preencheram. E as Universidades, em que hoje alunos degenerados pisam na maior das galhardias? Quem pagou os primeiros Lentes? Quem presenteou as primeiras Bolsas de Estudo? Quem promoveu o maior acervo das áreas do saber, incluindo a Dialética, a Medicina, a Teologia, a Física, a Matemática? Não fôra o primeiro médico de D. Afonso III, um Frade? Na Segunda Dinastia, mais se documenta a respeito do papel dos Frades. Aliás, não é necessária uma complexidade bibliográfica tamanha, basta referir o ofício do Senhor D. João I antes de Rei ser: um Frade na ordem de Avis. Nos tempos de Aljubarrota, em cuja batalha um Frade, D. João Dornella de nome, acudiu com mil homens para sustento da causa do Mestre, os Frades oravam, combatiam em escaramuças e afrontavam os Alcaides castelhanizados. Na matéria dos Descobrimentos pouco preciso de comentar - as missões às mais interiores regiões da China, da Índia e da África, convertendo Reis, que se tornaram tributários dos Reis de Portugal. Na União Ibérica, ao contrário do que se pensa, a massa religiosa portuguesa não detinha muito apetite pela unificação. Acontece que muitos dos apologistas e defensores da Casa de Bragança, foram desterrados e perseguidos, como Fr. Heitor Pinto, Fr. Crisóstomo da Visitação e Fr. José Teixeira, partidaristas do Prior do Crato. A paz, a segurança, a continuidade e estabilidade que muitas vezes a Coroa não conseguia concretizar, são lições diárias de uma Instituição que, de facto, funciona, ao contrário das atuais. Se não é com boi, é com vaca, e o Maçonismo, justamente quem era condenado pela Inquisição, romantizou a faceta da entidade, claro, denegrindo-a a seu bel-prazer. Sintetizo, porque a irracionalidade das acusações são mais literárias, que concretas: Não, não era lícito a qualquer pessoa do povo acusar gratuitamente outra, sem coerência testemunhal, leia-se o Regimento do Inquisidor-geral D. Pedro de Castilho, de 1613, que diz "Por huma só testemunha se não procederá a prisão ordinariamente". Não, a Inquisição não matou desenfreadamente, tampouco mais ou menos. Bastam dois meses de 1794, à escolha do leitor, para perfazer (até superiorizar) os mortos totais às mãos da Inquisição, em três séculos de existência. Sim, era uma prisão escura, macabra, que prendia, um pleonasmo descarado. É suposto uma prisão fazer o quê? Acariciar o criminoso? Libertá-lo para cometer mais delitos? Não, a Inquisição não retardou as Artes e os Saberes, pelo contrário. Não só foi uma das impulsionadoras das Artes, Literaruras e Ciências, como a Única impulsionadora de tal. Se hoje há Saberes universais, são os que menos custaram aos bolsos públicos, refletindo na qualidade hedionda (e falsa) do seu conteúdo, tudo em nome da subjugação política. Sim, a Inquisição censurou e proibiu livros. E? Pessoalmente, estabeleço a qualidade acima da quantidade. E, como Católico, muito me cativaria uma teologia verdadeira. O quanto abalroaria a minha alma, ler as piores das diatribes de Rousseau, de Montesquieu, de Voltaire, de Lutero e Calvino, servidores das políticas desagregadoras do tecido social e nacional milenar, antagónicas e odiadoras da Fé? Muito bem fizeram. Para criticar, convém fazer melhor. De Lisboa não têm terras que cultivar, nem atividades que evoluir. Cuspir no prato que comem, na mais popular forma de verbalizar o provérbio, é de uma paupérrima atrocidade.
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