Muitos são os indivíduos que, intitulados tradicionalistas, aderem aos partidos que creêm ser os seus congéres. Nada tenho contra estas pessoas em particular, muito pelo contrário. Vejo que existe a ânsia por algo fazer, errando, no entanto, nos meios. O Tradicionalismo não é uma ideologia de tiracolo, um complemento ao nosso ser, um passatempo nas horas vagas. O Tradicionalismo é a manifestação natural e contínua de um Homem na sua Família alargada, a Nação. Não tem Programa Político, propostas, pois não é uma manufatura para cativar eleitores, isto é, não é democraticamente manifestável. A Democracia, sob a alçada de uma Constituição que instrumentaliza a normatividade do português em preceitos ideológicos, não é um regime natural. Não é natural um regime de subjetividade, cuja única objetividade, pasme-se, encontra-se na efeméride mais subjetiva da doutrina democrática: o Voto. É o Voto (a massa anónima e inculta tornada ativa politicamente) que decide a Guerra, é o Voto que decide a Paz. É o Voto o desígnio de quem tem autoridade, é o Voto o desígnio de quem deve governar. A única verdade objetiva da Democracia é o Voto e o seu único sacramento é a "Confissão de Fé", na urna. Os Conservadores são instrumentos em todas estas tranquibérnias. É isso que conservam, a Democracia. Que mais podem conservar? Os conservadores defendem hoje, o que outrora defenderam os progressistas nos anos 80. Em 50 anos, os conservadores defenderão o que os progressistas defendem agora. O Tradicionalismo, ao contrário do Conservadorismo, não tem prazo de validade. Há normas concretas que se desejam, não retornar, mas servir de usufruto. O Tradicionalismo aceita o hoje como um infindo fio-condutor entre os antigos e os vindouros, de contínua averiguação e correção das falhas, de exortação das virtudes. É o Regime de S. Mamede e de Ourique; é o Regime da Conquista do Algarve; é o Regime de Aljubarrota e Valverde; é o Regime dos Descobrimentos... É, grosso modo, o Regime que fundou Portugal, coadunada a força política à força religiosa. A Democracia não tem nenhuma moral, exceto a sua própria, a da libertinagem, nociva à mantenedora tradição. A Tradição é intocável e imodificável. A Democracia fecundou mais Constituições (além de todas as suas reformas) que boas medidas ao Bem-Comum almejado. A Tradição tem verdades objetivas, intolerantes, que garantem a ordem do ser no seu País. A Democracia, não. Sai Homem, entra Homem, não existe o conceito de Competência na Democracia. Cada um tem o seu particularismo, cada um palra para difamar o seu correligionário e não para conjugar os interesses comuns. Existe Regime com opiniões mais variáveis que outrora, onde os indivíduos não eram engavetados em Partidos Políticos, cada com a sua Ideologia fabricada sobre interesses estrangeiros? Existe Regime mais Português, mais serviçal dos Portugueses, mais enaltecedor dos Portugueses, que o Regime que se identifica com os bons usos e costumes portugueses? O Conservador não é o arquétipo de patriota que se almeja ter, o patriota materialista, que desserve o espírito criador de civilização. Só alcança o patriotismo e o nacionalismo pleno, aquele que ultrapassa este impropério, anulando de si estas futilidades doutrinárias que não harmonizam os interesses da Nação. Se existe a Nação, convém ser intolerante para a defender. O Conservador não o é. Se existe a Nação, convém ser parcial para a defender. O Conservador não o é. Se a Nação emana costumes e usos, convém superiorizar estes aos demais. Para o Conservador, sendo o Imigrante legal, Português será! Não me alongando muito, perscruta-se claramente a antinomia entre estes dois conceitos: um deles é um modo de vida, de harmonia material e espiritual, de senso comum, da natural forma de construir os nossos tempos, segundo o passado para o futuro; o outro é uma manufatura sem paralelo ao interesse nacional, preferindo os interesses partidários, segregando um mesmo sangue em rótulos. Haverá problema amanhã? Não nos aprestemos a resolvê-lo, o que conta é Hoje, e só Hoje...
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